TÉCNICA - Curvas com Motocicletas


O texto abaixo foi escrito por Paul Nuccio, Instrutor Líder do Rider’s Edge. Trecho extraído da revista americana HOG Tales, edição Julho/Agosto de 2005, seção Between the Lines.

Enviado pelo Rat Rider Marco Fraga. Desde já o nosso obrigado !
“Uma das coisas mais agradáveis do motociclismo é fazer curvas: abrir caminho, de forma artística, em uma estrada sinuosa, sempre em completo controle de sua máquina.
Você sabe o que eu digo: diminuir para a velocidade exata de entrada, olhar à frente para ver o que a curva nos reserva, fazer o contra-esterço e acelerar suavemente enquanto contornamos a curva.
O que ? Não é assim que você pensa quando faz uma curva ? Bom, talvez seja apenas o instrutor dentro de mim que pensa desse jeito. Ou talvez a técnica apropriada que acabei de descrever já faça parte de você e é realizada automaticamente.
Ou talvez – apenas talvez – você nunca teve a chance de aprender essa técnica. Não importa o seu grau de experiência e treinamento, é sempre bom saber o máximo possível a respeito de fazer curvas. Afinal, erros de curva são causas comuns de acidentes de motocicleta.

O curso Rider’s Edge e a MSF (Motorcycle Safety Foundation) criaram um método oficial, separado em 4 etapas: Diminua, Olhe, Puxe e Acelere.
DIMINUA

A primeira dica para fazer uma curva de forma apropriada é entrar nela na velocidade correta, seja freando, reduzindo marchas ou simplesmente tirando a mão do acelerador.
Em qualquer caso, lembre-se que é sempre melhor entrar devagar demais do que rápido demais, especialmente em estradas desconhecidas, onde não se sabe o que a curva nos reserva.
Se você entrar muito devagar, sempre poderá aumentar a velocidade enquanto faz a curva, mas se entrar rápido demais… bem, aí você abre chance para uma série de infelizes possibilidades.
A utilização do freio dentro de uma curva é sempre problemático, pois compromete a tração e aumenta a possibilidade de derrapagem ou perda de controle da motocicleta.
Se você entrar rápido demais e não brecar, estará correndo o risco de atravessar a pista e ir de encontro a sabe-se lá o quê (de acordo com a MSF, sair da estrada em curvas é responsável por 40% de todas as fatalidades que ocorrem com motociclistas).
Outra coisa importante é reduzir as marchas enquanto diminui a velocidade, porque a motocicleta precisará estar na marcha apropriada quando você chegar no ponto de precisar acelerá-la, ao final da curva.
Em resumo: use sempre ambos os freios, reduza a marcha e sempre erre entrando na curva devagar demais do que rápido demais.
OLHE
Aproximando-se da curva na velocidade apropriada também lhe dá uma melhor oportunidade de executar esse passo: virar a cabeça e olhar onde você quer que a moto vá.
Olhe sempre para frente e nunca para o chão, vire a cabeça em direção da curva e olhe o mais longe que puder. Isso irá auxiliar em pelo menos dois aspectos: ajuda a obter o máximo possível de informações sobre o que esperar adiante e diz ao resto do seu corpo o que fazer.
Sempre observe com atenção o que está acontecendo adiante da estrada: a acentuação da curva, obstáculos potenciais, animais, buracos, óleo ou água… Enfim, qualquer coisa que possa prejudicá-lo a realizar a curva da melhor forma possível.
A reação para esses possíveis obstáculos deverá ser feita sempre com a máxima antecedência, desacelerando a moto, mudando a trajetória ou mesmo realizando uma freada de emergência, se necessário.
Lembre-se: só é necessário um evento ou circunstância completamente inesperada para pôr fim a um dia de passeio… ou coisa pior.
Muitos instrutores enfatizam a necessidade de treinar a “virada da cabeça” em direção da curva, pois, apesar de não ser uma atitude natural, ela é fundamental para alertar o corpo de suas intenções.

APERTE
A curva deve ser iniciada empurrando o guidão para o lado oposto ao da curva (exemplo: empurre à frente o lado esquerdo do guidão da moto para fazer uma curva à esquerda).
Essa técnica facilitará que a moto deite na curva e é um fenômeno da física, denominado contra-esterço.
O que mantém a motocicleta reta é o efeito giroscópio das rodas girando. Por isso ela é tão estável em alta velocidade, mas cai facilmente quando você diminui ou pára.
Esse efeito da física faz coisas inesperadas, como no caso do contra-esterço, por exemplo, quando você empurra o guidão levemente para o lado esquerdo, o efeito giroscópio puxa a moto para o lado direito e ajuda a deitá-la.

ACELERE

O último passo no processo de realizar uma curva perfeita é acelerar suavemente durante a curva. Mantendo uma aceleração constante irá ajudar a estabilizar a suspensão da moto, maximizando a tração.
O fundamental é não exagerar na aceleração e mantê-la constante.
No final da curva recomenda-se que a aceleração seja aumentada, pois isso irá naturalmente ajudar a motocicleta a voltar para a posição vertical.
O TRAÇADO

Outro aspecto importante é escolher o melhor traçado da curva.
Basicamente inicia-se a curva de forma aberta e fecha-se o traçado durante a curva.
Essa técnica faz o traçado ficar o mais reto possível.”